Talvez quem trabalha ou frequenta o centro de Vitória durante a semana não perceba o “centro histórico” que existe dentro da Vitória do século XXI. Entre os prédios residenciais e comerciais existem monumentos que contam a história não só do bairro e de Vitória, mas também do nosso estado.
Clique aqui e faça esse Tour com um Guia de Turismo
As construções novas, a correria do dia-a-dia e também a falta de interesse, não permitem que os frequentadores do centro vejam e apreciem os palácios, igrejas, teatros e outros edifícios públicos que resistiram a modernidade e insistem em contar a história. E para conhecer é só andar com mais calma, com um olhar atento e entrar nos monumentos. Eles estão de portas abertas e com monitores para ajudar a contar esta história.
O Centro Histórico de Vitória precisa ser mais visitado pelo capixaba, e ser conhecido pelos turistas que vem a cidade. Para isto as agências de receptivo, e os colegas guias que atendem aos ônibus de grupos precisam incluir o centro no City Tour de Vitória. Em Olinda os turistas sobem ladeiras para conhecer o belo acervo histórico que a cidade tem, em Floripa também descemos em um terminal e vamos andando para a catedral da cidade, em Salvador subimos ladeira, entramos em becos para conhecer o maravilhoso Pelourinho, e não posso esquecer das ladeiras de Ouro Preto. Por que aqui não podemos também subir uma das famosas escadarias que temos para conhecer o Palácio Anchieta, Catedral Metropolitana de Vitória ou outros lugares interessantes.
Uma das várias escadarias do Centro Histórico
O que conhecemos como cidade alta, onde está a maioria dos monumentos do centro históricos, não existiria se não fosse o constante ataque dos índios aos portugueses que estavam instalados na Vila do Espírito Santo, hoje atual Vila Velha, desde 1535. O incômodo dos índios e dos invasores estrangeiros fez com que o Donatário Vasco Fernandes Coutinho procurasse um local estratégico para a instalação da sede da capitania. Vitória (na época ilha de Santo Antônio) por ser uma ilha e por possuir um espigão central apresentava uma localização privilegiada para a defesa territorial. Assim foi escolhida para ser a nova sede da Capitania.
Com a transferência da sede para a Vila de Vitória, foi necessário construir prédios administrativos, públicos e religiosos. E são esses prédios que hoje fazem parte do Centro Histórico de Vitória, com monumentos mais antigos que em muitas cidades mais famosas e visitadas no Brasil.
Detalhe nas fachadas
Você pode conhecer o Centro Histórico de várias maneiras. Pode ir pelo Projeto Visitar que oferece guias de turismo credenciados (para grupos) (NÃO TEM MAIS ESTE SERVIÇO), pode contratar o serviço de uma agência de turismo receptivo, pode contratar o serviço de guia de turismo (meu telefone 27 98134-0828 / 99506-9764) ou pode ir sozinho pois vários monumentos possuem monitores e existe uma sinalização específica no local. Para quem for de carro vai ter a dificuldade de estacionamento que todo centro de cidade tem.
Não tem um lugar específico para você começar o seu roteiro. Se você estiver no lado norte da cidade e estiver de ônibus, desça na Av Jerônimo Monteiro (também conhecida como capixaba) antes do Mercado Capixaba. Ainda na cidade baixa você pode começar o seu roteiro observando prédios com as suas fachadas ecléticas simbolizando o processo de modernização da capital que teve início na década de 1920.
Antiga Faculdade de Filosofia
Alguns prédios merecem destaque como o da FAFI, antiga Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras. Foi inaugurado em 1927 como grupo escolar e por muito tempo teve sua utilização voltada para o Ensino. Tombado em 1982 pelo Conselho Estadual de Cultura. É administrada pela prefeitura e funciona como Escola de Teatro e Dança – FAFI e abriga diversas atividades culturais.
Logo em seguida (na mesma avenida) está o Museu de Arte do ES – MAES (27 3132-8393). Construído nos anos de 1924 e 1925, foi o primeiro de uma série de prédios públicos construídos para equipar o Estado de infra-estrutura e apresentar a nova arquitetura da cidade, abrigou vários serviços públicos e em 1998 foi inaugurado como Museu de Arte do ES. Apresenta uma construção eclética, tombado em 1983 pelo Conselho Estadual de Cultura.
Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
A rua em frente ao prédio da FAFI, é a Rua do Rosário (se for visitar o MAES, volte uma rua). A rua recebeu esse nome por estar localizada ao pé do morro onde foi construída a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a nossa primeira visita. Entrando na rua do Rosário, permaneça na calçada da direita que logo você chegará na escadaria do Rosário com uma placa de sinalização padrão dos monumentos do Centro Histórico de Vitória, com informações gerais da igreja em português e inglês. Fique atento para não passar direto pela entrada da escadaria. Aqui você irá subir a primeira de várias escadarias. Para quem estiver de carro tem a opção de subir por uma rua que fica logo depois da escadaria.
Quando começar a subir logo você verá a igreja. A sua construção foi iniciada em 1765. A estrutura principal foi concluída em dois anos, com a mão de obra escrava negra. O terreno foi doado à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. A igreja é afastada do núcleo original da povoação de Vitória, possui ossuários em seus corredores e ao lado um cemitério e a antiga “Casa de Leilão” que arrecadava dinheiro para comprar a alforria de escravos.
A imagem de São Benedito disputada pelas duas irmandades devotas do santo
As festas dedicadas a Nossa Senhora do Rosário despertavam interesse na capitania, mas para os negros da irmandade a devoção mariana não era única. Eles prestavam culto também a São Benedito, com quem se identificavam. Acontece que já havia uma irmandade ligada a São Benedito que se reunia no Convento de São Francisco e realizava uma procissão em devoção ao santo. Os negros da igreja do Rosário passaram a fazer outra procissão, havendo assim duas procissões, porém só havia uma imagem que era partilhada pelas irmandades e que ficava no convento de São Francisco.
No início do século XIX proibiu-se a saída da imagem em procissão, então ocorreu o roubo da imagem de São Benedito do Convento de São Francisco. A imagem, então, foi levada para a Igreja do Rosário pelos membros da irmandade e devotos do santo. Esse fato deu início aos famosos conflitos entre as duas irmandades.
Um pequeno museu resgata essa história, apresentando imagens e peças utilizadas pela Irmandade de São Benedito, inclusive antigas vestes e um andor que pesa cerca de 400 quilos, usados pelos fiéis durante as famosas procissões. A irmandade de São Benedito da Igreja do Rosário continua zelando pela Igreja e realizando suas procissões pelo centro de Vitória no dia 27 de dezembro de cada ano. A Igreja do Rosário é um dos monumentos monitorados nas visitas guiadas realizadas gratuitamente ao Centro Histórico de Vitória pelo Projeto Visitar da prefeitura. do Visitar com monitores e a visita pode ser feita de quarta a domingo de 13h às 17h.
Interior do Teatro Carlos Gomes
Seguindo ainda pela Rua do Rosário, logo adiante à esquerda chega-se aos fundos do Theatro Carlos Gomes. Edificado numa época em que a cidade de Vitória passava por importantes transformações urbanas, que visavam à transformação da cidade em uma capital "moderna". Em 1924, o único teatro da cidade, o Melpômene, foi parcialmente destruído por um incêndio e o governo aproveitou a oportunidade e demoliu com a intenção de alargar a Praça em frente e abrir uma Rua ao lado do teatro. Com isso, assumiu o compromisso de construir um novo teatro, dando origem o Theatro Carlos Gomes que foi edificado por iniciativa do arquiteto autodidata e construtor André Carloni. A obra é de janeiro de 1927 e tem um estilo arquitetônico eclético. Em 1983 foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura.
Clique aqui e faça esse tour com um Guia de Turismo
O Theatro Carlos Gomes é um dos monumentos monitorados nas visitas guiadas realizadas gratuitamente ao centro histórico de Vitória. Horário de visitação: Terça à domingo e feriados: 09 às 17 horas. 27 3132-8396. do Visitar e fica aberto de quarta a domingo de 13h às 17h.
O passeio pelo Centro Histórico de Vitória continua, mas para não ficar um post muito longo continue lendo aqui.
0 Comentários