O Espírito Santo é um estado pequeno mas com uma diversidade de paisagem incrível. De um lado as praias, do outro o interior com paisagens incríveis e desconhecidas de muitos capixabas. Um dia vi uma foto de um lugar cercado de grandes pedras e fiquei surpreso em saber que era aqui no meu estado, na cidade de Pancas, noroeste do estado. Resolvi, quero conhecer este lugar, ou melhor esta paisagem.
Visão do alto da rampa de voo livre de Laginha.
No início do ano sai de casa para ir conhecer, mas fui parando em um lugar aqui, outro ali (falta de foco) e quando vi já havia terminado o fim de semana e era hora de voltar. Em julho aproveitei uma semana de férias e me programei para ir a Itaúnas e depois ir a Pancas, mas apareceu trabalho e mais uma vez Pancas ficou para depois. Em outra ocasião sai de casa para ir até lá, mas estava tão quente, fazia tanto calor que preferi ir para o litoral de Aracruz. E assim fui empurrando a minha ida a Pancas.
Distrito de Laginha, também cercado por grandes pedras.
Em outubro tomei vergonha na cara e fui conhecer ver de perto aquela paisagem de pedra que chamou tanto a minha atenção. Depois de 180 km e três horas de viagem cheguei ao município de Pancas e ainda de longe o conjunto de rochas se destacou na paisagem. As pedras me impressionaram a ponto de tirar a minha atenção da estrada, tive que me concentrar.
As tais ‘pedras’ são os pontões capixabas que ocupam uma área de 17.496 hectares transformados em 2002 em Parque Nacional e que em 2008 foi alterado para Monumento Natural dos Pontões Capixabas para que os moradores não fossem retirados da área. A região transformada em uma unidade de conservação evitou que os pontões fossem utilizados pela forte industria de marmore e granito da região.
Mas antes de chegar a cidade vi uma placa sinalizando “distrito de Laginha, pontões capixabas”. Então a curiosidade me desviou do caminho e lá fui eu acompanhado pelas grandes pedras. Depois de 12km cheguei e quando parei o carro e abri a porta outra coisa me impressionou tanto ou mais que a paisagem: o calor. Pelo amor de Deus o que era aquilo! Estava muito quente! As senhoras andavam nas ruas com uma sombrinha aberta. A maioria dos moradores é descendente de pomeranos, tem a pele muito clara, e devem sofrer com aquele calor.
Senhoras pelas ruas de Laginha. Além da paisagem, o que também me impressionou foi o calor. Estava quente demais!!
Em Laginha conheci a rampa de voo livre. A estrada estava boa e fui de carro sem problemas. Não é muito alto mas lá tem uma boa visão da região e dos pontões. Não demorei muito e retornei à estrada principal e no caminho a paisagem ia ficando cada vez mais incrível.
É preciso concentração para não sair da estrada.
CIDADE DE PANCAS
A cidade é pequena e simples. A rua principal corta toda a cidade e serve de caminho para outas cidades da região, então tem bastante movimento de carretas transportando pedras. As ruas transversais começam e terminam nas paredes das grandes pedras que rodeiam a cidade. O município tem uma população aproximada de 25.000 habitantes, o significado da palavra Pancas ninguém sabe ao certo.
A cidade de Pancas é cercada pela grandes pedra. As ruas transversais começam e terminam encostadas nelas.
Cheguei já no fim da tarde e sem nada programado. Fui pedir informações onde pensei que fosse a prefeitura mas era a câmara de vereadores (fica tudo no mesmo prédio), mas o lugar parecia o paraíso pois nas ruas o calor era demais e lá o ar condicionado estava no máximo e a Aline me recebeu, com poucas informações, mas com um sorriso e boa vontade de ajudar. Não quis sair do ar condicionado e fiquei ali enrolando.
As formações rochosas desviam o nosso olhar para o alto.
Naquele dia não deu para fazer nada e com as poucas informações que consegui, e com a secretaria de turismo já fechada, também não sabia o faria no dia seguinte. Só restou reservar um lugar para dormir, fazer hora ali no centro tomando uma cerveja para jantar antes de seguir para a pousada e pisar na rua só no dia seguinte.
A minha HOSPEDAGEM foi na Pousada Ninho da Águia, em um quarto com banheiro privativo e o único com ar condicionado (Graças a Deus eu consegui!). A pousada é simples parecendo mais uma casa adaptada, oferece um café simples mas gostoso e suficiente. Tem Wi-fi fraco, estacionamento e fica algumas quadras da rua principal. Mas fui bem atendido pela proprietária Nádia.
As igreja luteranas também são destaques na paisagem.
Durante o café da manhã pude conversar com Nádia. Uma senhora quieta mas foi só puxar assunto e ela foi contando a sua história e falando do potencial turístico da cidade. É uma empreendedora, construiu a pousada acreditando no desenvolvimento do turismo da região (Pancas tem um cenário com grande potencial para o turismo de aventura e esportivo), mas se mostrou bem desanimada devido a falta de políticas públicas para o setor no município. Foi a Nádia que melhor me orientou em o que fazer, ver e quem procurar na cidade.
Vista da Rampa de Voo Livre "Clementino Izoton"
Com as dicas de Nádia fui tentar conhecer alguns atrativos, mas antes fui até a secretaria de turismo. Apesar da boa vontade, achei eles meio perdidos. Pedi um folder com orientação dos atrativos, procuraram aqui procuraram ali até que encontraram um. Perguntei como chegava a rampa de voo livre e informou que era fácil com sinalização. Quis conhecer a Rampa de Voo Livre "Clementino Izoton pois ela fica no alto de um daqueles penhascos que cercam a cidade com mais de 650 metros, e foi lá que tiraram a foto que vi e fez eu ir até lá.
O caminho é em direção a Alto Mutum Preto em estrada asfaltada até a placa sinalizando a entrada a esquerda para o caminho em estrada de terra. Aí a coisa muda muito, apesar de ter placas elas estavam apagadas e tive que escolher pra onde ir, o caminho de 8km era estreito, com uns trechos bem inclinados e galhos espalhados atrapalhando a passagem. Fui subindo sem saber se estava no caminho certo, mas depois do perrengue o visual compensou. Um cenário bem diferente pra mim com muitos montes e muitos pontões. Lá do alto é possível avistar toda a cidade e ver detalhes das grandes pedras.
Já de volta a estrada saído de Pancas no sentido Vitória fui atrás de outras sugestões da Nádia. Entrei na primeira estrada de terra no Córrego São Luiz e encontrei a primeira, o sítio Cantinho do Camelo e o proprietário (desculpe mas eu não consigo encontrar o nome) que também faz passeios nas proximidades. Super gente boa, estava trabalhando mas parou e foi conversar comigo e deu a maior atenção. Ele estava preparando o lugar para atender um grupo que ia chegar no fim de semana, e estava preocupado com a seca e a falta de água na região. Ele não podia me atender mas sugeriu que eu procurasse o Fabinho, outro condutor de ecoturismo também indicado pela Nádia.
Casa azul e branca, masca dos pomeranos.
Fui então em busca do Fabinho do Sítio Cantinho do Céu. Mas era só ver uma nova pedra (na verdade não era nova, elas só mudam de forma a medida que você muda de lugar) e eu saia do caminho para tentar tentar chegar mais perto. A medida que eu circulava pela região a paisagem me surpreendia cada vez mais. Novas formas iam surgindo e eu parava a todo momento para novas fotos. Afinal de contas fui a Pancas motivado pela paisagem.
Mas queria mais do que olhar. Não que eu tivesse a pretensão de fazer uma escalada, eu sei dos meus limites, mas queria fazer algum passeio próximo aos paredões mesmo que as possibilidades de isto acontecer fossem poucas.
Perto dali estava a entrada para o Córrego Palmital, lugar onde está localizado o Sítio Cantinho do Céu. Encontrei o Fabinho na porteira do sítio consertando uma cerca num calor terrível (será que só eu sinto calor gente?!). Apesar de estar trabalhando ele me recebeu muito bem (A receptividade em Pancas foi muito boa). Batemos um longo papo, onde falou dos passeios e me deu esperança dizendo que algumas deles eu posso fazer.
Pedra da Agulha.
Como o sitio dele fica praticamente encostado nas pedras, ele preparou uma área para camping com boa estrutura para atender aos turistas aventureiros. Ele tem recebido muita gente no camping, a prova disso é o livro de visitas com registro de pessoas de vários lugares, inclusive de fora do Brasil. O camping conta com banheiros e cozinha mas também pode oferece refeições preparadas pela mãe do Fabinho.
Devido os serviços do sítio, Fabinho não pode me atender em nenhum passeio. Só poderia no dia seguinte, mas ai eu teria que ficar o restante da tarde à toa. Então preferi me programar e retornar em uma época mais fresca. É existe esta época! Só acreditei porque vi fotos de pessoas com agasalhos.
PARA IR MELHOR:
- Pancas é um destino mais procurados por quem tem interesse em turismo de aventura, esportivo e/ou ecoturismo.
- Quando for, faça antes contatos com os condutores de ecoturismo para não acontecer o que aconteceu comigo, fui e não consegui fazer nenhum passeio que dependesse deles. Fabinho (27) 99620-9357.
- Fui no mês de outubro e estava um calor terrível e muitos córregos secos. Mas segundo me disseram lá, no inverno é frio (só acreditei porque vi fotos de pessoas com agasalhos) e tem opções de passeios em cachoeiras. Só volto lá no inverno.
- Fiquei hospedado na Pousada Ninho da Águia (paguei R$ 60,00) mas tem uns dois ou três hotéis na cidade.
- Outra opção é o camping do Sítio Cantinho do Céu. Contato: Fabinho (27) 99620-9357. O sítio fica antes de chegar ao centro da cidade, tem que pedir ao motorista para descer na entrada do Córrego Palmital e avisar ao Fabinho para ele ir buscar.
- Na cidade tem opções de lanchonete e restaurantes. Mas para jantar só encontrei o Restaurante da Santina, gostei muito. É simples, você chega, faz o seu prato e conforme o tamanho eles dão o preço. Fiz um bom prato, bebi um refrigerante e paguei R$ 11,00. Fica na praça da cidade.
COMO CHEGAR
O aeroporto mais próximo esta em Vitória, distante 180km de Pancas.De ônibus saindo de Vitória tem a opção da empresa Águia Branca e da empresa Pretti.
De carro saindo de Vitória, siga pela BR 101-Norte até a cidade de João Neiva onde tem uma rotatória para a cidade de Colatina. Siga nesta estrada até chegar a ponte antes de Colatina (não passe dentro da cidade), depois continue seguindo as placas para Nova Venécia pela Rodovia ES 080. No trevo para Pancas tem uma placa indicando o caminho.
Tem também a opção de trem vindo de Belo Horizonte ou Vitória e desembarcando em Colatina. Depois seguir de ônibus ou carro.
3 Comentários
Valeu demais seu relato Marcelo! To pensando se passo por la tb obrigada
ResponderExcluirObrigado Melissa pela visita.
ExcluirEstamos programando um passeio de trem até Colatina , achei interessante de Colatina irmos a Pancas .
ResponderExcluirFamilia toda , eu , marido , filhos , noras e netos .
O lugar parece ser bonito demais .