Barra Grande no litoral do Piauí

Como se não bastasse o fato do Piauí ficar ao lado de estados mais famosos do nordeste, ele tem o menor litoral da região com 66 km. Talvez por isso suas praias não são tão divulgadas e eu não tivesse interesse em conhecer alguma delas. Até que fiquei sabendo, recentemente, da praia de Barra Grande, e aí fui pra lá e gostei!

Fui no único micro ônibus que chega lá. Ele passa pelas ruas de terra da vila até dar a volta pela praça simples com uma igreja. Lembrei de cenas da novela Tieta quando a Marinete (um micro ônibus) chegava na cidade. Os passageiros, que devem usar diariamente o meio de transporte, escolhem onde descer. “Pare ali que quero comprar um peixe”, de repente falou uma mulher. Como a maioria dos passageiros são os próprios moradores, é fácil para o trocador perceber quem são os turistas e perguntou pra mim qual era a pousada para também me deixar na porta ou mais próximo.

Depois de instalado fui logo conhecer a praia famosa do litoral piauiense e um visual incrível, como imaginei ser, surgiu a minha frente. Uma bela praia rústica, com uma cor de água linda e o céu cheio de pipas de kitesurf.  Eu estava no reduto dos praticantes desse esporte.

Devido ao vento forte e constante, Barra Grande foi descoberta pelos adeptos do kitesurf e desde então os moradores e pescadores dividem a praia com os visitantes. Primeiro chegaram os gringos que para praticar o esporte e mais recentemente os brasileiros esportistas ou simples turistas em busca de um lugar bonito e praia boa. Eu faço parte do segundo grupo, dos simples turistas. Os esportistas são em maior número e o kitesurf deixa o céu mais bonito e é uma atração para quem está na praia.

Diante desse cenário fiquei ali pelo resto da tarde em uma das poucas barracas existentes. Assim como a vila as barracas são simples, sem luxo. Fiquei na do “seu Tutuca”, um dos moradores, fui bem atendido, comi bem e paguei pouco. Aproveitei bem a praia e no fim da tarde pude contemplar um belo pôr do sol.

Barra Grande é uma vila de pescador, simples com uma praia maravilhosa, um desse paraísos que ainda temos pelo Brasil. O fato de não ser tão conhecida ainda, ajuda a manter esta característica. Como fui durante a semana, estava bem tranquila. A vila tem uma padaria ao lado da praça onde fica a igreja e um caixa eletrônico da Caixa Econômica, não tem dos outros bancos. Tem pequenos mercados, uma farmácia e alguns e bons restaurantes concentrados na Rua Pontal da Barra que abrem à noite, durante o dia são as barracas de praia que atendem para almoço desde o tradicional PF a refeições completas.

Com a chegada dos turistas estrangeiros, chegaram também os empreendedores - que parece ser na maioria estrangeiros também. Perceberam o potencial do lugar e o público e não perderam tempo, marcaram território em grandes áreas construindo suas pousadas rústicas porém sofisticadas. Chamou a minha atenção o fato de ter pousadas construídas na areia da praia ocupando área onde seria da vegetação de restinga como se não houvesse controle sobre isso. Um morador e dono de uma barraca de praia, relatou indignado as dificuldades que estava enfrentando com um espanhol dono da barraca vizinha que não respeita a área limite da barraca dele e outras coisas. Segundo este morador muita coisa foi conseguida assim.

Programa de fim de tarde

O QUE FAZER

Eu não fiz nada e achei ótimo. Fiquei um dia e meio e só fui à praia, mas tem uma Associação de Condutores de Turismo, a BARRATUR, formada por moradores que oferece passeios ecológicos como o que leva o turista de charrete pela praia até um rio onde é possível ver cavalos marinhos. Eu até tentei fazer este passeio, mas aconteceu um desencontro com os condutores e acabei não fazendo. Em outubro custava R$ 50,00 por pessoa dividindo a charrete com mais gente. Fora estes passeios, e se você não for praticar o Kitesurf, o negócio e relaxar.

Se for praticante do Kitesurf você ficará ocupado o tempo todo. Mas se quiser só experimentar, no local tem escolas que oferecem todo equipamento para você brincar por R$ 180,00.

A praia é extensa então pode aproveitar para fazer caminhadas. Eu estava muito preguiçoso e hoje acho que deveria ter aproveitado para caminhar e conhecer mais o lugar.

No fim do dia você não pode perder o pôr do sol.

Se for usar Barra Grande como base é possível conhecer outros lugares da Rota das Emoções, mas é preciso o serviço de um receptivo pela logística.

QUANTO TEMPO FICAR

Isto é muito relativo. Fiquei um dia e meio, mas acho que conseguiria ficar mais um dia. Barra Grande estava bem tranquilo e não sei se muda muda muito nos finais de semana, feriados e temporadas, então se gosta de lugar mais agitado este tempo é suficiente.

Pousadas construídas na areia da praia

QUANDO IR

No primeiro semestre é menos quente e com chuvas e no segundo é mais quente e com ventos fortes, sendo assim mais procurado pelos praticantes do Kitesurf.

COMO CHEGAR

O aeroporto mais próximo é o de Parnaíba distante 75 km, mas não são todas as empresas que voam pra lá e nem todos os dias. A outra opção é o aeroporto de Teresina distante 400 km. A partir de Teresina seguir de ônibus da empresa Expresso Guanabara até Parnaíba (6 horas) e de lá continuar a viagem (mais 1:30 hs) no micro ônibus da empresa Damasceno que sai da agência Fontenele (86 33221683), são poucos horários e no domingos não circula. Tem a opção de transfer que não sai barato.

Piscina do hostel

ONDE FICAR

Tem opção de hostel, pousadas simples e pousadas melhores. Eu fiquei no The Barra Grande Guesthouse & Hostel e gostei, tem opção de hostel e pousada no mesmo lugar, a área comum é muito boa e próxima da praia e do centro. Veja mais opção de hospedagem AQUI.

ONDE COMER

Durante o dia nas barracas de praia que servem refeições completas, tira gostos e o prato feito. À noite na Rua Pontal da Barra onde estão os principais restaurantes.

Leia AQUI como ir de Barra Grande a Jericoacoara no litoral cearense.