O meu interesse em ir conhecer o Delta do Parnaíba surgiu há pouco tempo com a divulgação em blogs sobre a Rota das Emoções, uma rota turística que envolve os estados do Ceará, Piauí e Maranhão. Fui então procurar saber, desculpe a ignorância, o que é um delta e simplificando é o seguinte: uma foz de rio diferente, onde o rio próximo a boca da barra tem vários braços (leitos, caminhos) como se fosse uma mão aberta sendo os dedos os vários caminhos para chegar ao mar, formando um triangulo ou a letra grega delta, daí o nome. Com os vários braços de rio, ilhas são formadas e aumenta também a fauna e flora deixando o ecossistema mais rico.
O rio Parnaíba é o maior do nordeste e de grande importância sócio-econômica para a região, principalmente para o Piauí. Serve de limite entre os estados do Piauí e o Maranhão e desemboca no oceano através do delta.
Apesar do Maranhão possuir a maior parte do delta, a cidade com melhor estrutura para quem quer conhcê - lo é Parnaíba no Piauí. Foi aí que ela entrou no roteiro da viagem que fiz indo de Belém a Jericoacoara, mas não sabia exatamente como era o “passeio pelo delta”. Só depois de montado o meu roteiro que descobri um passeio turístico numa embarcação grande que devido o baixo fluxo de turistas só acontece nos finais de semana e para fazer durante a semana é preciso alugar um barco menor, uma voadeira. Eu teria dificuldades com isso pois a minha estada na cidade seria numa segunda-feira, sozinho e sem grana para fazer um passeio privativo. Claro que fui assim mesmo e resolvi esta situação ficando num hostel pois lá sempre tem gente viajando sozinha, querendo parceiros para fazer os passeios e dividir os custos.
No Hostel confirmei que não é PASSEIO pelo Delta e sim PASSEIOS pelo Delta como imaginava já que ele oferece várias possibilidades. O da embarcação turística é só uma das opções, mas tem também passeio para ver revoada dos Guaras, passeio noturno para focagem de animais e outros. Lá conheci o Michel de São Paulo que estava viajando sozinho e um casal do Rio que também queria conhecer o delta, só ali éramos quatro.
A Inês, proprietária do Hostel, nos ajudou muito e providenciou tudo pra gente, fez contato como o pescador, fez orçamento e até chamou o taxi pra gente. O fato de fazermos o passeio privativo possibilitou que fizéssemos o nosso próprio roteiro fazendo três passeios em um, ocupando assim o dia inteiro. Juntaram se a nós mais dois casais que não estavam hospedados ali mas que o Michel conheceu durante a viagem, um de São Paulo e o outro de Teresina. Formamos um grupo de 8 pessoas que não se conheciam e que poderíamos ter dificuldades na hora do passeio dependo do temperamento de cada um, mas deu super certo e aproveitamos muito.
Passeando entre o rio e o mar
Parnaíba apesar de ser considerada a porta de entrada para os passeios pelo delta, não é mais de onde saem as embarcações, ou pelo menos a maioria delas. Agora o embarque está sendo feito na cidade vizinha de Ilha Grande, já no delta e distante 11 km. Fomos de taxi até o Porto dos Tatus onde conhecemos os nossos companheiros de passeio e o Riba, o nosso pescador guia. Gente boa, simpática e conversador. Ele emprestou uma caixa térmica para que pudéssemos levar bebidas e gelo adquiridos nos mercadinhos. Foi bom isso pois o passeio é longo e faz muito calor.
Finalmente iniciamos o passeio pelas aguas do delta, a cor é barrenta e dai vem o nome Parnaíba. Saímos tarde, pois só conseguimos fechar o passeio naquela manhã. Acho que por isso a guia (o Riba não fez esta parte com a gente) que nos acompanhou até a hora do almoço, navegou direto e rápido para as paradas não valorizando a paisagem e acabou não me surpreendendo, parecendo iguais a tantas outras já conhecidas.
Nesta primeira parte do passeio paramos para banho no rio e depois na foz do rio na Ilha dos Poldros. Interessante que uma pequena faixa de areia separa o rio do mar e aí você escolhe onde quer tomar banho, eu preferi o rio. Um lugar bonito.
Barracas construídas por pescadores para abrigo provisório durante a pescaria
Dali seguimos para uma das ilhas do delta para o nosso almoço, a Ilha das Canárias. Fomos direcionados para um restaurante (não lembro o nome) com cardápio de porções e pratos para duas pessoas sem a opção de prato individual. A ilha é habitada e tem opções de restaurantes, mas não ficam próximos um dos outros, portanto ou você come no que te levarem ou fica com fome. O serviço é a la carte e ao chegar é bom fazer logo o pedido, enquanto espera o visitante pode aproveitar as redes esticadas nas sombras das arvores. Além do nosso pequeno grupo só havia mais duas mesas e o pedido demorou para ficar pronto, mas a comida estava gostosa e o almoço foi um momento agradável, sem pressa.
Após o almoço seguimos com Riba (ele deu outro ritmo ao passeio), navegamos mais um pouco e fizemos outra parada em um cenário lindo com umas dunas que me lembraram os Lençóis Maranhenses, e antes que terminassem as minhas lembranças o Riba informou que estávamos no Maranhão. Ficamos à vontade e pudemos subir nas dunas que na época da cheia têm também lagoas.
O sol já estava começando baixar, mas não pudemos ficar para ver o pôr do sol pois tínhamos outro espetáculo para ver, a revoada dos guarás. Não esperava muita coisa não, pois já fiquei decepcionado com a revoada dos guaras em Atins, mas ali valeu a pena, foi um belo espetáculo, foi o melhor do passeio. Eram muitos guarás e a cor vermelha era muito forte, intensa parecendo ser verdade o que o Riba dizia que eles (pescadores) que pintavam as aves para se apresentarem aos turistas. Ficamos ali também um bom tempo. Aliás o passeio foi feito sem correria com tempo suficiente para aproveitar todos os lugares, mas a parte da tarde foi melhor.
Os Guarás nascem pretos com o peito branco e adquirem a cor vermelha por se alimentarem de caranguejo
A última parte do passeio foi a focagem noturna onde a navegação acontece mais próxima da margem e o Riba com uma lanterna tenta encontrar jacarés e outros bichos. Fez até propaganda de que ao encontrar um jacaré, ele iria entrar na água e pegar o jacaré para mostrar pra gente. Esta parte eu não estava gostando, pois acho desnecessário pegar o bicho para exibir, vê-lo no seu habitat natural já era suficiente. Fiquei torcendo para não ser encontrado nenhum e foi o que aconteceu, causando frustação para alguns colegas do passeio. Mas de qualquer forma a focagem foi muito boa pois o Riba tinha uma habilidade incrível, no escuro e com a voadeira em movimento ele conseguia avistar cobras e outros bichos entre os galhos das arvores. O que incomodou bastante foram os mosquitos que passaram a atacar a gente.
Chegamos ao pier para desembarque depois das sete e meia da noite, o taxista estava lá nos esperando para nos levar de volta ao hostel. A melhor coisa que aconteceu foi eu não ter ficado em Parnaíba durante o fim de semana, pois eu teria feito o passeio turístico tradicional que pelo que eu soube é o que fizemos antes do almoço, provavelmente eu não teria gostado.
O PASSEIO
- Foi alugada uma voadeira com capacidade para 09 pessoas onde fizemos 03 roteiros num mesmo passeio durante o dia todo: O passeio tradicional, revoada dos guarás e a focagem noturna. Iniciamos o passeio às 11 horas (nós nos atrasamos) e terminamos após as 07:30hs da noite.
- A voadeira para o dia todo ficou no valor de R$ 850,00*
- Uma voadeira para 05 pessoas ficaria R$ 600,00*
- O almoço não está incluído no valor do passeio
- Quem providenciou tudo pra gente foi a Inês do Hostel onde fiquei hospedado.
- Fizemos o passeio com o Riba. Conhece bem o Delta, é gente boa e bem humorado. Recomendado. Tel.: 86 99467-7259
- Para fazer o passeio de dia inteiro é bom pernoitar 02 noites em Parnaíba.
- O Passeio tradicional dos fins de semana é feito numa embarcação grande para muitas pessoas. Faz duas paradas, sendo que uma é para o almoço que é servido dentro da embarcação. Está incluído o almoço, caranguejada e guia. Valor R$ 60,00*
* valores de outubro/2016
HOSPEDAGEM
Fiquei hospedado no Parnaíba Hostel, idealizado por dois amigos que se formaram em turismo (fiquei bem à vontade) e querem melhorar a prestação de serviços na região. Ele é simples e precisa de algumas melhorias. Não possuía armários e nem ar condicionado, só ventilador, mas foi suficiente pois ao contrario de outros lugares que passei no Piauí, venta bem em Parnaíba. Para eu falar que não fez falta o ar condicionado é porque realmente não precisei mesmo, pois sinto muito calor. Tem banheiro nos quartos, o café é simples, mas tem ovos mexidos e frutas e é servido na própria cozinha. Tem um cachorro que circula pela casa. Fica próximo a opções para comer e não é longe da rodoviária. Fiquei 02 noites e a minha hospedagem foi tranquila, só havia 05 pessoas.
O melhor do Hostel é o atendimento. São muito prestativos com dicas, informações e contatos. Principalmente Inês (uma das sócias) que foi com quem tive mais contato.
COMO CHEGAR A PARNAÍBA
A cidade é a segunda mais importante do estado.Não conheci pois cheguei à noite, fiz o passeio que demorou o dia todo e no outro dia fui embora pela manhã. Me pareceu ser interessante.
Fica distante a 330 km de Teresina onde tem o aeroporto com mais opções de voos. Na cidade tem também aeroporto, mas somente a azul tem voos pra lá com horário restritos.
De Teresina a Parnaíba o trajeto rodoviário pode ser feito pela Expresso Guanabara e a Empresa Barroso. A viagem tem duração aproximada de 06 horas.
2 Comentários
Adorei sua matéria, agora vou me preparar pra conhecer o Delta do Parnaíba, valeu
ResponderExcluirObrigado Matheus.
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