No post anterior eu sai da Escadaria Maria Ortiz e segui em direção ao Palácio Anchieta. Seguindo em frente você chegará a Praça João Clímaco, no passado era neste espaço que as coisas importante aconteciam. O local reunia à sua volta sede dos poderes institucionais. Era chamada antigamente como Largo do Colégio em referência ao Colégio e Igreja São Thiago dos padres da Companhia de Jesus, símbolo da fundação da cidade. O prédio tornou-se sede de poder executivo estadual em 1798. Em homenagem ao padre José de Anchieta, “Apóstolo do Brasil”, recebeu o nome de Palácio Anchieta no século XIX. É uma das mais antigas sedes de governo do país.
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O prédio manteve a estrutura original mas passou por várias transformações perdendo as características do colégio e da igreja, mas é bonito com a fachada cheio de detalhes em alto relevo e continua imponente. Depois da última restauração em 2009, o Palácio foi aberto a visitação pública em um programa do Governo do Estado. Aqui neste post eu mostro como é a visita, vale a pena conhecer.
Com as mudanças, a fachada principal ficou de frente para a baía de Vitória.
Escadaria Bárbara Lindemberg. Construção de 1860, possui quatro estátuas simbolizando as estações do ano e uma fonte artificial. Conhecida por Escadaria do Palácio, passou a ser chamada Bárbara Monteiro Lindemberg em 1968. Liga a Cidade Baixa à sede administrativa do Governo do estado. Em frente ao Palácio Anchieta.
Ao sair, vire a direita e dê uma volta ao redor do Palácio e ao passar pela fachada principal vá até a escadaria Barbara Lindemberg e observe o porto de Vitória, fique ali por algum tempo observando o porto de Vitória. Continue e dê a volta pelo palácio passando pela Rua lateral que separa o Palácio do antigo Ateneu Provincial, educandário do século passado onde havia estudado Nilo Peçanha, que veio a ser presidente da República.
Rua entre o Palácio e o antigo Ateneu
De volta à praça em frente a entrada, você pode observar algumas construções de época como a casa que abriga a Academia Espírito Santense de Letras e a que abriga a Ordem dos advogados, tendo a sua frente o monumento em homenagem ao herói capixaba Domingos José Martins. Do outro lado da praça , em frente ao palácio Anchieta está o prédio da antiga Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, Palácio Domingos Martins.
Mantendo a sua esquerda, entre na rua São Gonçalo e vá conhecer Igreja de São Gonçalo. No local onde hoje se encontra a Igreja havia, em 1707, uma capela que foi construída pela Irmandade de Nossa Senhora do Amparo e da Boa Morte, uma irmandade de homens pardos. Anos depois foi construída uma igreja dedicada a São Gonçalo Garcia. Na segunda metade do século XIX a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte e Assunção recebeu o título de Confraria. Posteriormente, a Confraria tornou-se uma Arquiconfraria, sendo a única a receber esse título em Vitória.
Interior da Igreja São Gonçalo
Por quase duas décadas a Igreja de São Gonçalo foi sede paroquial, Matriz e Catedral de Vitória. Isso se deu por dois motivos: a desapropriação da Igreja de São Tiago (hoje Palácio Anchieta) e a destruição da Igreja de Nossa Senhora da Vitória, que era a Matriz e Catedral, com o intuito de se erguer uma nova e maior Catedral. A igreja tem estilo colonial com características barrocas em sua fachada e também no altar-mor, que tem entalhes em madeira pintados a ouro. Em 06 de novembro de 1948, a Igreja de São Gonçalo Garcia foi tombada como patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Ainda nos dias de hoje a Irmandade se reúne e promove festa que acontece em agosto com procissão pelas ruas do centro de Vitória. As procissões são acompanhadas por homens e mulheres da Arquiconfraria. Visitas com monitor de quarta a domingo das 13h às 17 horas.
Saindo da igreja pela rua São Gonçalo vire à esquerda e siga até a Capela Santa Luzia, a construção mais antiga de Vitória. No caminho você encontra outras construções históricas do século XIX como a loja Maçônica “União e Progresso” onde funcionam restaurante aberto ao público. Ao lado da loja tem também o antigo colégio São Vicente de Paulo, originalmente residência de Moniz Freire, presidente do Estado do Espírito santo por duas vezes.
Capela Santa Luzia, a construção mais antiga de Vitória
Construída em pedra e cal de ostra e coberta com telhas de barro, a Capela de Santa Luzia foi construída no século 16. Fica localizada na Cidade Alta e é tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Erguida sobre uma rocha com traços arquitetônicos simples, o monumento pertencia à fazenda de Duarte Lemos, na sesmaria doada pelo primeiro donatário da Capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho. A Capela abrigou o Museu de Arte Sacra entre 1950 e 1970, e a Galeria de Arte e Pesquisa da UFES de 1976 a 1994. Desde 1996 sedia o escritório técnico e o espaço cultural da 6ª Sub-Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Visitas com monitor de quarta a domingo das 13h às 17 horas.
Siga pela rua Francisco Araújo (lateral ao colégio São Vicente de Paulo) e vire à direita passando assim pelo Viaduto Caramuru. O Viaduto foi construído em 1925 com o objetivo de ligar as ruas Dom Fernando e Francisco Araújo e servir de passagem para o bonde, que então circulava pela Cidade Alta. O bonde, entretanto, nunca chegou a atravessar o viaduto, ou porque temiam que ele não aguentasse o peso ou porque o bonde não era capaz de fazer a curva que ligava as ruas ao viaduto.
O frontispício, reformado em 1744 e 1784, foi o que restou do conjunto arquitetônico original do Convento São Francisco. Tombado pelo Conselho Estadual de Cultura em 1984, demarca o espaço do que foi o primeiro Convento Franciscano construído na Região Sul do Brasil Colônia.
Vire à direita na rua Dom Fernando seguindo para o Convento São Francisco. O Convento começou a ser construído no final do século XVI pelos padres franciscanos a pedido do segundo donatário da Capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho Filho. Além da igreja dedicada a São Francisco, a edificação abrangia as dependências necessárias ao monastério e a Capela da Ordem Terceira da Penitência. Os registros históricos apontam que a primeira missa foi realizada no dia 02 de agosto de 1595. O convento foi a primeira construção de Vitória a ser abastecida com água em domicílio, devido a construção de um aqueduto em 1643.
O Convento abrigou diversas irmandades, dentre elas a Irmandade de São Benedito, que se reunia na Capela da Venerável Ordem Terceira e movimentava a cidade com suas festas e procissões. Com o tempo, o Convento ficou ocioso e as autoridades civis passaram a requisitá-lo para diversas finalidades. Atualmente abriga a Cúria Metropolitana e diversas entidades ligadas à Igreja Católica. Visitas cm monitor de quarta a domingo das 13h às 17 horas.
Coluna que marca o local para onde foram transferidas as ossadas encontradas nas ruínas do convento.
esse conjunto foi acrescentado, posteriormente, um cemitério municipal, que funcionou até 1908. Próximo ao local, uma capela sob a invocação de Nossa Senhora das Neves passou a ser necrotério. A capela, em arquitetura colonial, ainda hoje permanece nas dependências do convento.
Em 2009 houve uma restauração na capela Nossa Senhora das Neves. Durante o restauro, foram encontrados na parede principal, nichos de restos mortais não identificados. Na época da construção, era comum que ossadas de benfeitores e/ou religiosos fossem colocadas nas paredes dos templos. Os nichos encontrados foram deixados de forma natural, mas com uma proteção que facilita a observação e ao mesmo tempo os preserva.
Depois do convento São Francisco é hora de seguir para o ultimo monumento a ser visitado no Centro Histórico de Vitória, Igreja e Convento do Carmo. Saindo do Convento São Francisco é só seguir pela rua Coronel Montadinho chegando até a praça Irmã Josepha Hosannah onde se encontra a Igreja. O Convento de Nossa Senhora do Monte do Carmo foi fundado em 1682 por padres carmelitas. O conjunto era formado pelo convento propriamente dito, pela Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo e pela Capela da Ordem Terceira. Todos possuíam estilo colonial, com linhas barrocas.
Dois séculos depois, o Convento do Carmo se encontrava em decadência. Devido à proibição dos noviciados religiosos de formação de padres, o Convento ficou completamente abandonado, em 1872. O edifício foi, então, assumido pelo governo, sendo utilizado em várias funções, inclusive a de quartel militar. Somente após a criação, em 1895, do Bispado do Espírito Santo, o governo devolveu o Convento para a administração da Igreja Católica. Durante a década de 1910, o convento passou por ampla reforma, ganhando mais um andar, enquanto a igreja conventual recebeu uma roupagem eclética com influências neogóticas. A capela da Ordem Terceira, que ficava ao lado da igreja, foi destruída. Visitas de terça a domingo das 09 às 17 horas.
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E assim termino o passeio pelo CENTRO HISTÓRICO DE VITÓRIA, um espaço dividido por construções de épocas diferentes e que juntos contam a história desta cidade maravilhosa e desconhecida por muitos, inclusive por capixabas.
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