Sempre fiz confusão com as Chapadas – Guimarães, Diamantina e Veadeiros – me perdia na localização. Há muito tempo visitei a Chapada Guimarães, e este mês aproveitei uma ida a Salvador para conhecer a Chapada Diamantina (ou pelo menos o que foi possível). Apesar de já andar pensando sobre este destino (a imagem do Morro do Pai Inácio, ou a que se tem a partir dele, me atraía) a viagem aconteceu sem planejamento, não pesquisei direito e os passeios estavam confusos, não tinha ideia de valores, e acabei ficando menos tempo que imaginei. Mas valeu e aproveitei muito o que conheci.
A Chapada é bem grande e abrange um parque nacional, áreas de proteção ambiental e muitas cidades e distritos. Mas usar o transporte público na região é complicado. As empresas que passam pela região não ligam uma cidade a outra. Pelo que ouvi falar, uma não quer que a outra entre na cidade que é atendida por ela. Então para quem quer circular pela Chapada tem que ir sim de carro. Eu queria ir a Mucugê mas acabei ficando só em Lençóis.
O destino não é para sedentários. Tem muitas opções de ecoturismo e turismo de aventura, portanto são passeios para quem gosta de trilhas e caminhadas. Quem quiser conhecer os principais atrativos ou dar a volta ao Parque Nacional da Chapada Diamantina tem que estar preparado fisicamente. Mas os gordinhos assim como eu podem fazer algum passeio.
Cachoeira do Serrano.
A Chapada Diamantina é procurada principalmente pelos amantes da natureza, mas entre aquele verde todo existem cidades como Mucugê da época dos diamantes que são tombadas como patrimônio nacional.
Mercado Cultural na cidade de Lençóis.
ONDE FICAR
Primeiro pensei em ficar em mais de uma cidade para primeiro facilitar a realização dos passeios próximos de cada uma delas, segundo para conhecer as cidades da época do garimpo. Mas devido a dificuldade de transporte (e de planejamento) acabei ficando só na cidade de Lençóis, a capital da Chapada.
Cidade de Lençóis vista da cachoeira do Serrano.
Lençóis fica distante de muitos atrativos, mas por ser a que tem a melhor infraestrutura é a recebe o maior número de visitantes (gente de toda parte). Na parte da manhã tem a agitação das saídas dos carros para os passeios. À noite é tomada pelos turistas que ocupam as mesas nas ruas dos bares e restaurantes. Tem muitas opções de hospedagem, restaurantes que servem desde o PF a pratos à la carte. Agências de turismo, mercadinhos, lojas de artesanato, agência do Banco do Brasil e tem até uma loja grande de produtos esportivos.
Pracinha de Lençóis.
Gostei de Lençóis, ela tem um clima bom. Uma cidade colonial que lembra as cidades mineiras, com ruas calçadas com pedras e casa coloniais. É uma cidade pequena e tem tudo concentrado no centro sem precisar de carro para circular. Pelo que um dos guias contou, Lençóis é a cidade mais desenvolvida pois foi a última que viveu o auge dos diamantes.
HOSPEDAGEM EM LENÇÓIS
Viajei sem reserva, estava com bolsa e não mochila e não queria ficar carregando ela procurando hospedagem. Acabei ficando na Pousada Águas Claras, a segunda que visitei. Próxima do centro tendo só que atravessar a ponte, simples com café da manhã fraquinho e o espaço para café apertado só com duas mesas. Dormi só a primeira noite e depois mudei para a Pousada São José, mais distante do centro, também simples mas com um quarto e café melhor e, principalmente o que eu estava procurando, valor de diária conforme o meu orçamento (R$ 60,00). A cidade oferece também albergues, pousadas e hotéis melhores.
Cachoeira do Roncador.
QUANDO TEMPO FICAR NA CHAPADA
Quanto tempo quiser ou puder. O que não falta são passeios, tem desde conhecer uma cachoeira próxima da cidade até dá a volta ao parque em cinco dias. Só depende da sua disposição. Encontrei gente que ia ficar só dois dias e gente que ia ficar dez dias. Eu que pensei em ficar cinco dias inteiros, por não ter me organizado, acabei ficando somente três dias (além o da chegada e da saída) e aproveitei bastante. E apesar de que Chapada Diamantina ser um destino que pode ser visitado várias vezes, é bom se programar e ficar mais dias. Afinal de contas é longe – pelo menos pra mim.
OS PASSEIOS
Como fui sozinho e sem carro, contratei os passeios de uma agência. Achei caros mas ainda foi a melhor opção. Onde vi o aluguel de carro o valor era de R$ 180,00 por 12 horas – um dia de passeio. Teria ainda o combustível, entradas dos atrativos e em alguns deles o guia. É claro que que com carro você fica mais livre para fazer o seu roteiro mas só compensa financeiramente se você não estiver sozinho.
Gruta da Lapa Doce.
Na maioria dos passeios é preciso caminhar e até subir para chegar aos atrativos. Então escolhi os passeios considerando as dificuldades que encontraria e o tempo de caminhada, isso limita o roteiro de qualquer um que tenha o meu perfil na Chapada Diamantina. Por exemplo, atrativos como a cachoeira da Fumaça e cachoeira da Fumacinha eu posso tirar da minha lista devido o grau de dificuldade.
Em todos os meus passeios andei muito pouco. O meu roteiro ficou assim:
1º DIA: Chegada a Lençóis por volta de 13h30min. Não fiz nenhum passeio, desperdicei o meu tempo quando poderia ter ido a algum lugar próximo de Lençóis. Só fiz orçamento nas agências.
2º DIA: Marimbus e cachoeira do roncador, um passeio no pantanal da chapada.
3º DIA: Grutas com Morro do Pai Inácio, conhecido como roteiro tradicional ou roteiro número 1 que reúne vários atrativos.
4º DIA: Poço Encantado e Poço Azul, dois atrativos incríveis.
5º DIA: Pela manhã conheci a Cachoeira do Rio Serrano que dá pra ir andando de Lençóis e a tarde voltei a Salvador.
Poço Azul.
Para eu sair mais satisfeito da Chapada, além do que conheci eu gostaria de ter ido a cachoeira do Buracão, ter visto o Pôr do sol do Morro do Pai Inácio, ter conhecido as cidades de Igatu e Mucugê e ter conhecido umas cachoeiras próximas a Lençóis.
A Cachoeira do Buracão que dizem ser imperdível, fica na cidade de Ibicoara e normalmente dorme-se em Mucugê, mas de Lençóis sai também passeios podendo ser um bate e volta, ou em dois dias conhecendo outros atrativos e dormindo em Mucugê. O símbolo da Chapada é o Morro do Pai Inácio, pode ter vários outros atrativos mais bonitos mas não ir ao Morro do Pai Inácio, parece que não foi a Chapada. Eu voltei com esta sensação.
Gruta do rio Pratinha, local de fluação na fazenda Pratinha.
Em Lençóis tem boas agencias de turismo que praticamente fazem os mesmos passeios e com valores muito parecidos. Eu fiz os meus com a agência Chapada Adventure que foi a que melhor me atendeu. Gostei dos serviços dela, tem bons carros e bons guias. Na agência procure por Daniel.
As agências montam a programação dos passeios conforme o número de pessoas para cada um deles, então o passeio que você quer fazer não vai acontecer necessariamente no dia que você pensou. A não ser que procure outra agência, mas se você tiver acertado um pacote com uma delas isso fica mais difícil.
Gruta azul também na fazenda Pratinha, aqui não é permitido banho.
QUANDO IR:
Quando quiser, mas lembre que são atrativos naturais e o clima interfere muito. Se não tiver chuva as cachoeiras ficam secas, mas se chover muito algumas ficam impraticáveis e outros atrativos não são visitados. Por exemplo a Gruta da Pratinha tem água cristalina e é procurada para flutuação, mas com muita chuva a água fica turva e não é isso não é possível. Eu flutuei mas que foi no dia seguinte já não conseguiu.
Em compensação no dia que fui ao morro do Pai Inácio não deu para ver nada devido o tempo fechado, mas quem foi no dia seguinte já curtiu pois o tempo estava bom. Então vai depender do que você quer ver, eu queria as cachoeiras. Fui na primeira semana de janeiro e todos os dias choveu no fim da tarde.
Poço encantado, aqui também infelizmnete não pode tomar banho.
COMO CHEGAR:
A partir de Salvador fui de ônibus da empresa Real Expresso. Ela tem saídas diárias para Lençóis, Palmeiras e Seabra. Os ônibus são bons, tem executivo e convencional mas todos tem ar condicionado. Fui no primeiro horário (07 horas) e a viagem teve a duração de 06h40min. Para Mucugê e Andaraí tem a viação Águia Branca.
Mas para ir de Lençóis a Mucugê tem toda uma logística. É preciso ir 08 horas da manhã na rodoviária para uma funcionária da empresa Emtram ligar e ver se tem vagas no ônibus que sai de Palmeiras. Se tiver, você tem que ir de taxi (R$ 10,00 por pessoa) até a cidade de Tanquinho para embarcar no ônibus que passa às 09 horas. A volta é mais complicado ainda.
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