Sempre pensei em Belém, a capital do Pará, como uma cidade quente de muitas cores, sabores diferentes (Tacacá), frutas, ritmos (carimbó) e fé. E encontrei tudo isso quando fui lá ano passado. Só não encontrei a chuva que sempre ouvi que cai no meio da tarde. Durante os dia que estive na cidade não vi chuva nem um dia e isso só fez piorar o calor. Meu Deus como é quente!
Tudo que imaginei encontrar, encontrei. Uma cidade fascinante! Mas também encontrei uma cidade mal cuidada, com casarios incríveis precisando de atenção e escondidos pela aglomeração de barracas do comércio popular nas calçadas e ouvi dizer da insegurança em alguns lugares. Ou seja, encontrei o que, infelizmente, tem sido comum em inúmeras cidades brasileiras. Mas nada disso atrapalhou eu gostar de Belém. Prefiro ficar com os lugares incríveis que conheci na cidade e as possibilidade que ela proporciona sendo ponto de partida para conhecer outros lugares como Ilha de Marajó e Alter do Chão.
Visitei Belém no mês de outubro (ano passado), poucos dias depois da festa do Círio de Nazaré, a maior manifestação religiosa do estado e uma das maiores do Brasil. Logo na chegada, no caminho entre o aeroporto e o Hostel, foi possível perceber a devoção dos belemenses por “Nazinha” (jeito carinhoso de chamar Nossa senhora de Nazaré). Por todos os lados havia imagens, oratórios e pintura de Nossa Senhora. E se engana quem pensa que é só nas camadas mais populares, era possível ver desde em casas simples a prédios em bairros melhores.
Outra coisa que percebi logo na chegada foi que sofreria com o calor que faz na cidade, mas que foi amenizado bebendo um suco no Mercado Ver-o-Peso, tomando um sorvete Cairu na Estação das Docas ou bebendo uma Tijuca bem gelada, cerveja popular na cidade, no Bar Meu Garoto ou uma cerveja artesanal no Amazon Beer.
O que fazem em Belém do Pará
Mas afinal de contas o que tem para ver, fazer e em quanto tempo? Bom, eu fiquei 3 dias, mas se você quiser ficar só com os atrativos centrais, sem ir para as praias distantes, é possível fazer um roteiro de 2 dias conhecendo muitos dos lugares de forma bem tranquila. Belém se desenvolveu na região portuária e ali estão concentrados vários dos atrativos e que poderão ser conhecidos num tour a pé. Fiz isso muito tranquilamente, mas há quem diga que tem que tomar cuidado. Outros atrativos ficam mais distantes sendo necessário de transporte.
Estação das Docas
No bairro Campina,às margens da baía do Guajará está a Estação das Docas, um complexo turístico formado por 3 armazéns do porto mais área externa. O local foi revitalizado e aberto ao público em 2000, desde então virou point dos turistas e moradores e conta com bares, restaurantes e lojas. É um bom lugar para ir no fim de tarde, ver o pôr do sol e ficar pra noite pois sempre tem uma programação cultural. Foi lá que assisti apresentações de danças folclóricas. Abre todos os dias, veja os horários no site da Estação.
Mercado Ver o Peso
Ao lado da Estação está o Mercado Ver-o-Peso, o cartão postal mais famoso da cidade e pra mim o atrativo mais importante. Se na Estação é tudo muito calmo, limpinho e transmite segurança, no Ver-o-Peso a coisa é diferente, tem gritaria, tem que ficar mais atento, movimentação de muita gente, cheiros e mau cheiros. Mas deixa de frescura pois vale a pena e é nesse ambiente que donas de casa e chefs dos melhores restaurantes encontram seus ingredientes e temperos.
E têm produtos, ervas, raiz e personagens que você só irá encontrar na maior feira livre da América Latina e que este ano (2017) completou 390 anos. O “Mercado” na verdade são vários mercados como o de carne, de peixe e a feira de açaí, além de outros espaços. Então não passe correndo pelo Mercado Ver-o-Peso. Localizado no Bairro Cidade Velha, às margens da baía do Guajará. Abre todos os dias oficialmente das 6h às 18h, mas muitas barracas não fecham, porém não é muito recomendável ir fora deste horário.
Forte do Presépio
Saindo do mercado e andando alguns metros ainda na região portuária está o núcleo inicial da cidade de Belém, chamado de Complexo Feliz Lusitânia e onde estão as construções históricas mais antigas e melhores preservadas. O nome foi dado pelos portugueses em homenagem a terra natal. No local tem destaque algumas construções e a mais próxima do Ver o Peso é o Forte do Presépio, marco da fundação de Belém, construído no inicio do século XVII para proteger a Amazônia. Lugar bem preservado, bonito e com uma vista maravilhosa da baía do Rio Guajará. Nele tem um museu com acervo interessante de cerâmicas marajoara e tapajônica e com uma ar condicionado maravilhoso. Aberto para visitação de terça a domingo, mas detalhes no site.
Casa das Onze Janelas
Bem ao lado está a Casa das Onze Janelas, um palacete do século XVIII que teve várias funções e que hoje abriga um museu, o de arte contemporânea (sobre visitas veja site). Não visitei internamente, mas a parte externa é bem agradável, também tem vista para a a baía. Em frente a Casa está a Praça d Sé com a Catedral Metropolitana (visitas de segunda a domingo) de um lado e do outro a Igreja de Santo Alexandre, igreja jesuítica que abriga o Museu de Arte Sacra (sobre visitas veja site). Acervo bonito, porém fazia muito calor. Ao redor da praça tem várias ruas com vários casarões bonitos, mas que não receberam a mesma atenção e cuidados e estão deteriorados.
Catedral de Belém
Próximo a Praça da Sé, mesmo não fazendo parte das listas dos atrativos do Complexo Feliz Lusitânia, existem outros museus como o Museu do Círio cujo acervo conta sobre o Círio de Nazaré, a maior manifestação religiosa do Pará. Queria muito ter conhecido, mas não foi possível pois estava fechado mesmo indo no horário informado de funcionamento. Visite o site.
Lanchonete Portinha, os melhores salgados de Belém
Seguindo 3 quadras pela rua lateral da Catedral você chegará a tradicional lanchonete Portinha. O lugar é simples, mas tem salgados e doces incríveis e já ficou famosa sendo procurada por quem visita Belém. Onde mais eu encontrar e comer esfirra de pato, jambu e tucupi? ou embrulhadinho de pirarucu com jambu e queijo cuia? esse último pensei que não fosse gostar, mas é muito bom. O horário de funcionamento é reduzido, de sexta a domingo das 17h às 22horas.
Museu do estado do Pará
Bom… mas voltando à Praça da Sé. Bem peto dela está a Praça D Pedro II e nela o Palácio Lauro Sodré, antigo palácio do governo e que hoje abriga o Museu do Estado do Pará. É um espaço bonito com salões nobres, mobílias e exposições permanentes que contam a história de uma época do Pará. Há também espaços para exposições temporárias. Fiz um visita guiada e está aberto de terça a sexta-feira, das 10h às 15h. Sábados, domingos e feriados, das 9h às 13h (R$ 4,00).
Mangal das Garças, imperdível
Fora do núcleo onde começou a cidade, estão outros atrativos que poderão ser visitados juntos em outro dia. Um deles está distante algumas quadras dali. É o Mangal das Garças, um parque natural que fui visitar por estar na lista de atrativos, mas me surpreendi, o lugar é incrível, o lugar mais bonito da cidade. No local tem também um restaurante bacana. Pode ser visitado de terça a sexta-feira, das 9hs às 18hs (veja mais informações no site). Para chegar é recomendável usar transporte.
Theatro da Paz
Um pouco mais distante, mas ainda no centro na Praça da República, está o Theatro da Paz, a primeira casa de espetáculo construída na Amazônia durante o ciclo da borracha e que hoje é a maior da região Norte. Além de grandioso é um belo teatro, principalmente o seu interior, e que pode ser visitado de Terça a Domingo. Acontecem visitas internas guiadas (veja mais detalhes de horários e valores no site).
Basílica de Nossa Senhora de Nazaré em Belém
Atrás do teatro está a Avenida Nossa Senhora de Nazaré, bonita com muitas arvores (as famosas mangueiras) e que abriga casarões históricos e ao mesmo tempo prédios modernos do bairro nobre de Nazaré. A avenida segue até a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré sendo assim corredor do Círio de Nazaré no segundo domingo do mês de outubro. A procissão começa na Basílica e termina na Catedral.
Museu Paraense Emílio Goeldi
Logo depois da Basílica, seguindo a mesma avenida, está o Museu Paraense Emílio Goeldi, um Parque Zoobotânico. Um espaço interessante por oferecer no meio de um centro urbano com trânsito intenso oportunidade de poder andar numa área verde na sombra amenizando o calor que faz na cidade e ver espécies de plantas e animais da Amazônia. Acontecem também exposições sobre temas da Amazônia. Mas visitar ali depois do Mangal das Garças pareceu que o lugar é mal cuidado e que os animais não recebem a atenção adequada. Vale ir visitar se tiver com tempo sobrando. Visitas de quarta a domingo das 9hs às 17hs, taxa R$ 3,00, mais detalhes no site.
Ilha de Combu com Belém ao fundo
Conforme a organização do tempo, você poderá conhecer a Ilha de Combu. Frequentada pelos moradores de Belém e que os turistas estão indo cada vez mais. Ela fica próximo, a travessia é rápida, tranquila e barata. Fui lá almoçar, comi um peixe maravilhoso e depois acabei tirando uma soneca no restaurante mesmo. Muita gente faz que nem eu, vai lá só para almoçar, mas fiquei sabendo depois que além de restaurantes a ilha tem uma casa de chocolate artesanal e passeios em trilhas.
O restaurante mais famoso (e dizem que é bom) é o Saldosa Maloca (asim com “L” mesmo), mas pedi para o barqueiro me levar em outro e acabei seguindo os belemenses que estavam no barco. Combu é uma comunidade ribeirinha e a estrutura é simples, mas autêntico. Comi bem e tive uma ótima tarde. Para chegar lá é preciso ir até o porto da Praça Princesa Isabel, lá saem os barcos que deixam nos restaurantes. O valor da travessia foi de R$ 5,00.
Cachaça com jambu e caldo nordestino no Bar Meu Garoto
Se à noite ainda quiser sair e conhecer um bar, sugiro ir ao Bar Meu Garoto, uma boteco autêntico com cerveja gelada, ótimo astral, papo legal no balcão com os piauienses que trabalham no bar e para que gosta de cachaça, esse é o lugar. Tem várias, mas a principal é a cachaça com jambu, uma erva paraense com efeito anestésico e que deixa a língua dormente, muito boa! E não deixe de provar o caldo nordestino. O bar é pequeno e maior parte do público fica do lado de fora. Ficava próximo ao hotel e descobri por um acaso.
NÃO FIZ o passeio de barco pelo Rio Guamá no fim de tarde, mas tem boas recomendações. Além de curtir o pôr do sol, o turista assiste apresentações de danças folclóricas. Ele sai da Estação das Docas e quem faz a Valverde Turismo.
ONDE FICAR EM BELÉM
Me hospedei inicialmente no Belém Hostel, mas apesar da boa recepção, quando fui não estava legal e sai assim que acabou a minha reserva mudei para o Hotel Unidos quase em frente pagando uma diferença mínima e com bons serviços. Mas pelo vi agora na internet ele parece que está legal. Para conhecer as principais atrações a localização é excelente, dá para ir a pé ao Theatro da Paz, Estação das Docas, Mercado Ver o Peso, Neliz Lusitânia e o Bar Meu Garoto é pertíssimo. À noite talvez você ache inseguro e prefira ficar em outro lugar.
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