Os sabores do Pará marcam a viagem para sempre. São comidas e bebidas bem diferente das que temos pras bandas de cá. Tacacá, Tucupi, Jambu, maniçoba, açaí… são pratos e ervas da culinária típica que nos remetem rapidamente ao Pará.
Todo lugar tem comida típica, mas muitas vezes são pratos só de ocasiões especiais. No Pará não, eles são encontrados diariamente em vários lugares, seja no mercado, nas casas dos paraenses e nos restaurantes, dos mais simples aos mais sofisticados.
Todo lugar tem comida típica, mas muitas vezes são pratos só de ocasiões especiais. No Pará não, eles são encontrados diariamente em vários lugares, seja no mercado, nas casas dos paraenses e nos restaurantes, dos mais simples aos mais sofisticados.
Em todos Estados brasileiros a comida é sempre um atrativo, mas no Pará é diferente, tem outra proporção e comer no Pará é uma experiência marcante, viajar ao Pará é viver uma experiência gastronômica.
OBS. O post sobre comida e restaurantes, mas não espere fotos lindas bem produzidas dos pratos. Na hora de comer nem lembro de tirar fotos.
Coxinha de Unha e outros recheios
No dia que cheguei a primeira coisa que comi foi uma coxinha, o salgado que mais gosto. Até aí nada de diferente, o que foi novidade pra mim foi o recheio de caranguejo desfiado e com a maior puã enfiada na massa, o que dá o nome de coxinha de unha. Porque não basta ser diferente, tem que ter o nome também diferente. Comi logo que cheguei a Estação das Docas e outro dia encontrei também no Mercado-ver-o-peso por menos da metade do preço. O Ver-o-peso é o lugar ideal para conhecer sobre a culinária paraense, é nele que estão os peixes, as folhas, ervas, raízes, castanhas, gomas vindas da floresta e que são usadas nos pratos típicos. É também no mercado o lugar ideal para tomar um suco de fruta.
E por falar em salgados com recheios paraense, quando for a Belém vá conhecer a Portinha, uma lanchonete pequenininha só com uma porta (daí o nome), só com uma mesa, mas que faz cada coisa gostosa! É famosa pelos salgados, mas também faz umas comidinhas deliciosas, além dos doces. Eu fiquei só nos salgados e é cada um com recheio mais “exótico” que o outro. Eu fazia o pedido com receio de não gostar, mas também nunca tinha ouvido falar de esfirra de pato com jambu e tucupi. E embrulhadinho de pirarucu com jambu e queijo cuia. Só no Pará mesmo, mas gostei de todos. O lugar é concorrido e só funciona de sexta a domingo das 17h às 22horas.
Cachaça, Jambu, Pato no Tucupi
Semente de jambu
À noite do primeiro dia fui apresentado à cachaça com jambu e o caldo nordestino, tudo no Bar Meu Garoto (quem gosta de boteco deve conhecer). O caldo é uma mistura de coisas e é delicioso, a cachaça também é boa e feita com jambu, uma erva que tem uma ação anestésica que provoca um formigamento na língua. É usada na medicina caseira do Pará e em vários pratos típicos, portanto é bom acostumar.
No dia seguinte voltei à Estação das Docas para almoçar, lá os restaurantes na hora do almoço servem buffet de comidas típicas, um verdadeiro banquete paraense. Entre outros pratos comi o Pato no Tucupi. Pato é conhecido, a novidade aqui é o tucupi, um caldo da raiz da mandioca que precisa ser cozido e fermentado vários dias para eliminar o veneno. É tão bravo, tão bravo que muita gente não consome o tucupi preparado por outras pessoas.
Peixe, Búfalo, Vatapá
Quem gosta de peixe vai passar muito bem no Pará. Estou acostumado a comer peixe de mar, não gosto muito de peixe de rio, mas quando se trata de peixe da região da Amazônia aí eu me rendo. E o que não falta é peixe bom no Pará, só para citar alguns deles: tucunaré, pirarucu, robalo, pescada, tambaqui e filhote. Este último (apesar do nome é imenso) eu não conhecia e é muito oferecido nos restaurantes. No Pará costumam fazer o peixe frito, grelhado ou assado inteiro ou meia banda e eu me esbaldei.
Um bom lugar para comer peixe em Belém são os restaurantes na Ilha de Combu que fica próxima e é fácil chegar. Em Alter do Chão durante os passeios também comi muito e diferentes peixes, mas também comi vatapá nas barraquinhas que ficam na praça . Eu só conhecia o vatapá baiano e não gosto, mas o que comi em Alter gostei muito. O vatapá paraense tem uma receita diferente.
O vatapá paraense é diferente do baiano
Em Marajó, onde tem o maior rebanhos de búfalo do país, o cardápio mudou. Na Praia do Pesqueiro comi queijo de leite de búfala e abri mão do peixe para comer um suculento bife de búfalo, que maravilha.
Tacacá, Maniçoba, Maniva
Tacacá
Um dos pratos paraense que eu mais queria conhecer era o Tacacá, um caldo servido em cuias. No fundo fica uma goma de tapioca, sobre ela vai o caldo de tucupi com o jambu (a erva que deixa a língua da gente tremendo) e camarão. É costume, em Belém, ser servido nos fins de tarde nas barraquinhas de rua, mas ele é quente, na cidade faz um calor terrível e eu transpiro muito, não ia dá certo. Precisava encontrar outro lugar climatizado, mas queria ir a um lugar frequentado pelos belenenses, já estava indo em muitos lugares turísticos. Foi então que encontrei o blog Rafa pelo mundo da paraense Rafaella dando a dica do Restaurante Tomaz – Culinária do Pará. Na minha terceira noite na cidade parti pra lá.
O taxista não sabia onde era e perdi muito tempo, quando consegui chegar só tive uma hora para ficar (ele fecha às 22h) e estava lotado. O lugar é pequeno e sem luxo, com um bom ar condicionado e no cardápio todos os pratos que só tem no Pará e que eu precisava de perguntar sobre eles a simpática atendente. Mas os outros frequentadores, paraenses, pediam como se fosse nós pedindo arroz, feijão, bife e salada. E não comiam só um não, comiam como se fosse entrada, primeiro prato, segundo … . O restaurante era tudo que eu queria: comida típica, preço bom, lugar climatizado e nada turístico.
Os pratos são individuais e bem servidos, mas tem a opção de meia porção ou então uma porção com dois pratos como o Vataçoba, metade vatapá e metade maniçoba. Assim você pode provar vários deles. Não tive muito tempo e só consegui tomar o Tacacá, que gostei, mas não tomaria sempre. Comi também a Maniçoba que segundo a atendente é tipo uma feijoada que no lugar do feijão vai a Maniva (massa feita da folha da mandioca) e com carne de porco, prefiro a nossa. De sobremesa foi um bolo de macaxeira, esse sim eu gostei muito. Queria ter tido tempo para provar outros pratos.
Gostei de tudo que comi no Pará, mas foram os peixes que mais gostei. Para beber, se você gosta de suco terá dificuldade para escolher o sabor da fruta. Existe uma grande variedade de frutas e Belém é conhecida como terra das mangas, devido tantas mangueiras nas ruas da cidade. Mas se gosta de cerveja, ficará bem com a Tijuca, bebi algumas. De sobremesa se não gostar (difícil) dos doces, provavelmente gostará dos sorvetes. Vá ao Pará. Boa viagem e bom apetite!
Espera aí Marcelo, e o açaí? esqueceu dele?
É, o açaí é marcante na vida do paraense. É mais que um alimento, é uma identidade. Em todos cantos tem açaí, tem restaurantes tradicionais de açaí. Tem uma feira só de açaí que acontece toda madrugada e movimenta a economia do Estado. No Pará o açaí é consumido de todas as formas, puro, com peixe e farinha, em forma de doces e sorvetes.
Mas eu não gosto de açaí. Não consigo comer! Não gosto nem do jeito que se come aqui no sul e sudeste, doce com granola e tantas outras coisas mais que ele se torna o coadjuvante, quanto mais o açaí autêntico, puro como é lá (provei uma vez em uma feira de turismo e não gostei). É, no Pará é diferente. Ele não é doce e o jeito tradicional de comer o açaí é com peixe frito e farinha. Vi açaí em tudo que é lugar, mas não vivi esta experiência. Hoje, mesmo certo de que dificilmente iria gostar, acho que deveria pelo menos ter provado.
2 Comentários
Que pena que não provou o nosso açaí! Os nativos consomem como vc falou, mas há os que coloquem açúcar para adoçar! Em tempo: se possível, corrija o "paranaense" por "paraense" e "belenhense" por "belenense". Abçs.
ResponderExcluirObrigado por visitar o blog.
ExcluirSua terra é maravilhosa.
Obrigado pela correção. Escrevi certo em alguns lugares e errei em outros. Rsrsr