IGREJA DO QUEIMADO–MUSEU A CÉU ABERTO EM SERRA, ESPÍRITO SANTO

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto

 

O sonho por liberdade fez negros escravizados construírem uma igreja. A igreja ficou pronta, mas a liberdade não aconteceu, o que aconteceu foi uma grande revolta que ficou conhecida como a insurreição do Queimado.

O lugar que foi palco do mais importante e sangrento movimento pela libertação de negros escravizados do Espírito Santo hoje é Sítio Histórico e está sendo preparado para se transformar em um Museu a Céu Aberto.

QUEIMADO, O PALCO DA REVOLTA

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto

Distante 25km de Vitória, Queimado é um distrito rural do município de Serra na região metropolitana, mas já pertenceu a capital do estado do Espírito Santo.

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No século XIX Queimado foi um entreposto comercial movimentado e próspero com muitas propriedade. Chegou a ter aproximadamente 5.000 moradores, uma grande população para a época.

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto
Foto do acervo exposta na Igreja do Queimado.

Na ocasião chegou ao local o frei italiano Gregório José Maria de Bene. Ele não entendia como um lugar daquele não tinha uma igreja para o conforto espiritual daquelas almas. O frei resolveu então construir uma.

Os recursos financeiros conseguiu com os fazendeiros, mas precisava de mão de obra. Para isso o frei prometeu interceder pela liberdade dos negros escravizados que trabalhassem na construção do templo. Há relatos de que o religioso era contrário a escravidão.

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto

Assim ficou acordado. E pela liberdade os escravizados trabalharam na construção nos dias santos e domingos  quando não tinham obrigações nas fazendas, e nas noites de lua cheia.

A igreja foi erguida no alto de um morro com pedras da região. Contam que as pedras eram separadas pelo tamanho das pessoas, as que tinham o tamanho do punho eram levadas por crianças. E assim, de pedra em pedra, foi erguida a igreja dedicada a São José.

A INSURREIÇÃO

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto

No dia 19 de Março de 1849, dia de São José, durante a missa de inauguração da igreja chegaram os escravizados que trabalharam na sua construção cobrando  a liberdade prometida.

O padre abandonou o altar e teve início a revolta. Os lideres do movimento percorreram fazenda fazendo com que senhores assinassem a alforria e reunindo mais pessoas. A revolta ganhou grandes proporções.

O presidente da Província do Espírito Santo enviou força policial e ainda recebeu reforço do Rio de Janeiro. Teve início a caça aos revoltosos com extrema violência. A insurreição durou cinco dias.

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto

Os escravizados que não conseguiram fugir (e sobreviveram) foram julgados. Alguns foram açoitados no pelourinho, outros presos e outros mortos. O padre foi afastado da igreja, preso e expulso do Espírito Santo.

Elisiário, um dos lideres da insurreição conseguiu, com ajuda do carcereiro, fugir da prisão e virou uma lenda sendo chamado de “Zumbi da Serra”.

Os outros dois lideres, Chico Prego e João da Viúva, foram enforcados. O Chico Prego ganhou uma estátua na cidade de Serra e dá nome a Lei Municipal de Incentivo à Cultura.

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto

Devido ao número de participantes (há relato de 300 negros escravizados) e a violência usada, a Insurreição do Queimado foi o principal movimento contra a escravidão que aconteceu aqui no estado, e um dos mais importantes no Brasil. A igreja se tornou um monumento de resistência à escravidão.

Para que a Insurreição do Queimado não caia no esquecimento, todo ano no dia 19 de março acontece uma caminhada do centro da cidade de Serra até o local onde acontecem eventos culturais e religiosos.

MUSEU A CÉU ABERTO

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto
Escada que dá acesso ao mezanino.

A igreja de São José do Queimado funcionou ainda por anos, mas depois foi abandonada restando com o tempo só ruinas. O local, que também conta com ruinas de um cemitério, foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura como Sítio Histórico de São José do Queimado.

Sempre foi cobrado por parte da população a preservação do lugar e restauração do que sobrou da igreja. Finalmente ano passado concluíram as obras de restauro na igreja e ficou muito bom além de bonito.

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto
No local tem fotos e placas com informações sobre o a História da igreja do Queimado.

A igreja, ao contrário do que eu imaginava, era grande e a obra feita nela chama atenção e você pode andar nela, subir e aproveitar do visual do entorno.

A restauração foi inaugurada ano passado e estava programado grande evento, mas foi cancelado devido a pandemia.

A igreja não foi reconstruída, muita coisa já não existia. Preservaram e restauraram o que sobrou e acrescentaram uma estrutura de aço que serve ao mesmo tempo para segurar o que restou e simular o que desabou.

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto

E a principal parte que desabou foi o telhado. Portanto agora ela não tem cobertura e irá ficar assim compondo o museu a céu aberto que é como vai funcional o local resgatando a história do Queimado e trabalhando vários segmentos do turismo como o histórico, cultural, pedagógico e ecológico.

Mas para que o museu a céu aberto funcione e receba visitantes falta a segunda parte do projeto quando serão construídos guarita, estacionamento, banheiros, auditório, trilhas, sinalização e restauração do antigo cemitério. Tudo ficou parado.

Mas mesmo faltando tudo isso e não aberto oficialmente para visitação muita gente tem ido lá. Eu mesmo já fui e gostei muito.

COMO CHEGAR

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto
Vista a partir do mezanino da igreja.

Moro na Serra e sempre quis ir, mas até ano passado não tinha ido. Fiquei sabendo das obras e resolvi ir mesmo sem saber se conseguiria entrar e foi tranquilo. Fiquei surpreso com o lugar.

Pode ir a partir do centro da cidade de Serra, são aproximadamente 11km em estrada de terra. Mas se você estiver em Vitória ou na região de Carapina, não vale a pena ir até o centro da Serra. Melhor seguir pela BR 101 no sentido Rio de Janeiro. Logo depois do Km 276 vire à direita passando por baixo de uma passagem de trem, vire à esquerda, depois a segunda direita e siga em frente.

O trajeto tem paisagem bonita composta pelo serra do Mestre Álvaro e a Lagoa das Almas que tem este nome porque ali foram jogados escravizados da insurreição.

Igreja do Queimado - Museu a céu aberto
Lagoa das almas, local onde foram jogados corpos de negros escravizados.


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