O meu destino no quarto dia na Espanha foi Toledo, uma cidade próxima a Madrid. Peguei o metro na Estação Sol (na Praça porta do sol) e fui até a Estação Atocha. A minha intenção era embarcar no trem das 9h20min, mas me enrolei todo na estação com a compra da passagem e só sai às 10h20min, com isso acabei chegando tarde a Toledo. A viagem tem a duração de meia hora.
Na estação da cidade peguei um mapa e umas informações. Próximo da estação, embarquei num ônibus circular (se tiver disposição é possível ir caminhando) e fui até a parada final já dentro da cidade medieval. Quando passei pela porta de entrada, me senti em um cenário de filme da sessão da tarde. A cidade é cercada por muros altos, com portas imensas e a cor que prevalece é a cor de tijolo. A parte mais antiga da cidade está no alto de uma montanha.
Estação de Toledo. O trem é muito confortável e rápido.
Toledo é a capital de La Mancha, região da Espanha que ficou conhecida do mundo pelos moinhos de vento no romance Dom Quixote. Era famosa por sua produção de aço, especialmente espadas, e a cidade ainda é um centro de manufatura de facas e pequenas ferramentas de aço. Após Filipe II de Espanha mudar a corte de Toledo para Madrid em 1561, a cidade entrou em lento declínio, do qual nunca se recuperou.
Em Toledo estiveram cristãos, judeus e árabes que conviveram tranquilamente, e graças a isso a cidade ficou conhecida por sua tolerância religiosa. Até que em 1492 os não católicos foram expulsos. Da mistura desta época a cidade herdou uma grande riqueza cultural sendo percebida nos monumentos religiosos como igrejas, mesquitas e sinagogas, proporcionando diferentes estilos arquitetônicos. Esses monumentos juntos a outros formam os atrativos turísticos da cidade. A cidade também é conhecida por ter sido a residência do famoso pintor El Greco no final de sua vida.
Desci do ônibus na parte mais alta da cidade ao lado do Alcazar de Toledo, um palácio fortificado que no passado serviu, entre outras coisas, de residência oficial dos Reis da Espanha. Hoje abriga uma biblioteca e o museu do exército. A cidade medieval é tão alta que em certos lugares tem sequencia de escadas rolantes.
Alcazar de Toledo, antiga residência oficial dos Reis da Espanha. Hoje abriga uma biblioteca e o museu do exército.
Com o mapa na mão fui procurar a Catedral de Toledo (Catedral Primaz de Santa Maria). Em certas cidades o mapa só atrapalha, Toledo é uma delas. Fiquei perdido nas ruelas tortas da cidade, mas consegui chegar lá. Por onde cheguei eu não vi a igreja por fora, pois as construções ao seu redor não permitiam, assim não tive a dimensão do seu tamanho. E para completar eu não havia lido nem visto nada sobre a Catedral de Toledo, então não sabia o que me esperava.
Fiquei impressionado com o que vi no seu interior. Infelizmente não é permitido tirar fotos. Eu não sei descrever a Catedral, ela é enorme e cheia de detalhes, dentro dela existem várias capelas, salas e muitas obras de arte, ela é bonita e assustadora ao mesmo tempo.
À medida que eu andava, eu lembrava do filme “O nome da Rosa”. A Catedral de Toledo, é uma das catedrais góticas espanholas do século XIII. Foi construída de 1226 a 1493. A Catedral têm mais de 750 vitrais, e uma parte que chamou muito a minha atenção foi o altar, ele é como se fosse uma construção independente dentro da igreja e rica em detalhes.
Continuei fazendo o meu Tour seguindo o meu mapa, quis ir para um lugar e acabei chegando em outro. Mas se perder faz parte e no final tudo dá certo. No caminho havia muitas lojas de souvenir, cafés e restaurantes. Além da Catedral eu visitei duas sinagogas e outra igreja católica. Só no final que percebi que só visitei monumentos religiosos.
Detalhes da Porta principal.
Depois de Catedral, visitei a Sinagoga del Tránsito, situada no bairro judeu. A riqueza que sobrava na Catedral faltava na Sinagoga. o seu verdadeiro nome é Sinagoga de Samuel ha Leví e hoje abriga o Museu Sefardim (termo usado pra se referir aos descendentes de Judeus originários de Portugal, Espanha) que tem como objetivo conservar o legado da cultura do povo Serfadim. Pra mim tudo que vi ali era estranho, percebi que não sei nada da cultura judia.
Antigo convento franciscano que hoje funciona o Cortes de Castilla-La Mancha (câmara dos deputados).
Seguindo, visitei uma Sinagoga (Santa María la Blanca) construída no século XII, foi transformada na segunda metade do século XV numa igreja de ordem militar e religiosa. Mais tarde foi ocupada como quartel e monumento nacional, e depois da guerra civil espanhola foi entregue por decreto real à Igreja Católica. hoje é só um local de visitação. O seu interior chamou mais a minha atenção do que o da Sinagoga del Trânsito devidos as várias colunas existentes.
Por fim fui conhecer o Mosteiro de São João dos Reis. Foi encomendado pelos Reis Católicos Ferdinand e Rainha Isabella para comemorar sua vitória na batalha de Toro em 1476 e servir de mausoléu. Teve sua construção iniciada em 1477, em 1809 sofreu danos com a ocupação de Napoleão a cidade de Toledo. É uma construção gótica com detalhes impressionantes.
Do mosteiro segui andando pela cidade, passando por suas portas e saindo de suas muralhas. Pena que eu esqueci de carregar a bateria da máquina fotográfica no dia anterior e não pude tirar mais fotos. É preciso ter calma e tempo para conhecer essa cidade, eu sai de lá com a sensação de não ter curtido a cidade como eu gostaria. Deveria ter chegado mais cedo e mais descansado.
>> Veja roteiro completo da minha viagem pela Europa.
No fim do dia retornei à Madrid de ônibus, a viagem demora em torno de uma hora e a passagem custa a metade do valor de trem. Caia uma chuva fina na capital espanhola, fui “almojantar” e segui para o albergue. Era a minha última noite em Madrid, então lembrei que ainda não havia comido os famosos churros espanhóis e sai, mas como não encontrei fui então me despedir do Muséo do Jámon e em seguida fui ao Mercado São Miguel que estava bem movimentado.
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