Me despedindo de Veneza


Veneza

Em Veneza dividi o quarto com 01 indiano e 03 americanas, duas moças e uma senhora. O albergue ficava bem localizado e o quarto era bom, o único inconveniente foi o fato de ser de frente para a rua e com isso o barulho incomodou na hora de dormir. Dormi e acordei com barulho, mas desta vez era de dentro do quarto. Barulho de sacolas plásticas, zíper de bolsas e tudo que no silêncio da manhã se transformava num barulhão. Era a americana mais velha arrumando a sua bagagem. Eu não tinha ideia que horas eram, mas parecia ser muito cedo pois na rua não havia mais barulho nenhum.


A arrumação da americana era interminável, e ela não fazia nenhuma questão de ser silenciosa. Pela bagagem pensei que fosse embora, mas me enganei, de repente ela guardou as sacolas, colocou a mala em baixo da cama se despediu e saiu. Fiquei imaginando quem era ela e o que fazia ali em Veneza. Porque saiu tão cedo!? acho que não era turista.

Veneza

Veneza

O problema é que eu não consegui mais dormir, então resolvi levantar e aproveitar a manhã em Veneza. Quando cheguei à recepção do albergue, o relógio na parede marcava 07 foras. Pela demora da arrumação, a americana deve ter acordado antes das 05 da manhã.

Eu só tinha aquela manhã em Veneza (veja como foi o meu primeiro dia), embarquei então no vaporeto (desta vez no sentido certo) próximo da estação Santa Lúcia e fui até a praça de São Marcos e retornei, passei pelo grande canal para fazer um passeio panorâmico e ter uma visão de Veneza desta vez a partir da água. Como era muito cedo ainda não havia turistas nas ruas, as gôndolas que fazem os famosos passeios com os turistas ainda estavam paradas, a Ponte Rialto estava sem a multidão que diariamente disputa um espaço para tirar fotos.

Veneza

Havia somente os moradores da cidade com a rotina do inicio de um dia. Impressionante como o barco faz parte do cotidiano dos venezianos. O barco pra mim sempre foi símbolo de trabalho, pois o meu pai era pescador e usava ele para tirar o sustento da família. Mas ali ele não era usado só por quem trabalha com pescaria mas para todo tipo de trabalho, ou para chegar ao trabalho. Dividia o mesmo espaço na embarcação, operários, executivos de terno e gravata, senhoras aparentando ser professoras e alunos, muitos alunos indo para a escola.

Veneza

Veneza

Veneza

Como embarcaria para Roma ao meio dia, resolvi explorar a região próxima do albergue e da estação. Parei em uma padaria para tomar um capuccino mas a moça que me atendeu falou que eu só encontraria nos bares e não nas padarias. Achei estranho. 


Depois fui comer um doce, quando fui parado por um casal que pediu para eu tirar uma foto deles, percebi que eram brasileiros (na Itália foi onde eu mais encontrei brasileiros) e começamos a conversar e fiquei sabendo que a esposa era capixaba, minha conterrânea.

Veneza

Gastei parte do meu tempo andando por uma região frequentada mais pelos moradores. resolvi entrar em um bar e pedi uma cerveja (uma Birra), e fiquei na parte de dentro do bar observando a movimentação através da janela. 

Fiquei sem jeito de beber a cerveja, pois olhava para os lados e só via as pessoas bebendo café, capuccino e coisas do gênero. Não havia ninguém bebendo cerveja, já eram 10h30min. Será que na Itália ninguém bebe cerveja a esse horário?

Na segunda cerveja fui para o lado de fora onde havia mesas. Em uma mesa próxima, estava um grupo de senhoras que bebiam café e conversavam, todas já de idade e bem arrumadas. Aquilo me pareceu um ritual, acho que elas todos os dias saem de casa e se encontram no bar e ficam ali bebendo algo e falando sei lá o quê.

VenezaAs simpáticas senhoras italianas.

De repente chegou uma senhora do mesmo grupo, as amigas então a chamaram para juntar-se a elas, mas ela fez questão de falar que estava acompanhada e então sentou numa outra mesa. Aquilo não agradou muito ao grupo. Depois chegou outra senhora e mais outra, e a medida que iam chegando, alguém da mesa fazia questão de falar (torcendo o nariz) que fulana estava em outra mesa com outras amigas naquela manhã.  Fiquei ali me divertindo com as cenas do cotidiano daquelas senhoras. Depois passei no albergue, peguei minhas coisas e segui para a estação Santa Lúcia. Fui para Roma.

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