Visitando o Vaticano

Vaticano

Dediquei o meu segundo dia em Roma ao Vaticano. Ele despertava em mim muita curiosidade, e em 2004 ganhei o livro ‘Michelngelo e o teto do Papa’ o que fez com que eu tivesse um interesse especial em conhecer a Capela Sistina. Por isso queria tempo para andar com calma e sentir o clima de mistério por detrás daqueles muros.


Depois do café no hostel (um bom café por sinal), para ir mais rápido, fui até a Estação Termini e fui de metrô até a Estação Ottaviano/San Pietro (passagem 1 €), a mais próxima do Vaticano. Dali em diante foi só seguir a multidão, parecia uma procissão formada por gente de todos os credos e acredito que até gente sem credo nenhum. Afinal de contas o Vaticano não é só a sede da Igreja Católica mas é também um local com muita história e um verdadeiro centro de artes.

Vaticano

Avistei uns muros altos e ao seu redor vários restaurantes, lojas com todo tipo de lembrancinhas religiosas, e mendigos nas ruas, senhoras de cabeça baixa, cobertas com roupas escuras e com um pires na mão. Eu ia ver muitas delas ainda pelas ruas de Roma. Não tive dúvidas que estava no caminho certo.

Logo cheguei ao Vaticano, mas precisamente na Praça São Pedro, eu estava no menor pais do mundo. O Vaticano é uma Cidade-Estado, ou seja uma cidade independente com governo próprio, muito comum na antiguidade. A Cidade-Estado do Vaticano nasceu com o Tratado de Latrão, assinado em 11 de fevereiro de 1929 entre a Santa Sé e a Itália, criada para assegurar a Santa Sé, em sua qualidade de instituição suprema da Igreja Católica. A forma de governo é monarquia absoluta, onde o Chefe de Estado é o Sumo Pontífice (Papa), que tem a plenitude dos poderes legislativo, executivo e judicial.

VaticanoDe vários lugares é possível avistar a cúpula da Basílica de São Pedro

Eu me programei para ir primeiro ao Museu do Vaticano onde fica a Capela Sistina, mas havia muita gente por todos os lados e uma fila enorme que dava volta na praça. O lugar impressiona pela sua construção. Confesso que fiquei meio perdido sem saber pra onde ir e o que fazer. Resolvi então andar pela praça e observar aquele lugar que até pouco tempo era tão distante de mim.


Fui andando e descobri perto da Basílica de São Pedro, um espaço todo dedicado ao Papa João Paulo II. Era uma exposição que foi montada por ocasião da sua beatificação que aconteceu no dia 1º de maio deste ano.  Várias fotos, objetos pessoais e vídeos, contavam cada etapa da vida de karol Wojtyla. Foi um achado na multidão, uma mostra muito legal e de graça.

VaticanoDevido a beatificação de João Paulo II, havia fotos dele espalhadas por todos os lugares de Roma. Parecia uma campanha eleitoral

Em vários lugares vi a Guarda Suíça, a guarda responsável pela segurança do Vaticano. Inicialmente a Guarda Suíça era um conjunto de soldados suíços mercenários, que combatiam por diversas potências europeias entre os séculos XV e XIX em troca de pagamento. Hoje só servem o Vaticano e foi formada em 1506, em atendimento a uma solicitação de proteção feita em 1503 do Papa Júlio II aos nobres suíços. O uniforme foi desenhado por Michelangelo, ainda bem que ele não desenhou isso para o teto da Capela Sistina.

Vaticano

Dali cheguei até o correio do Vaticano e descobri que ali eu poderia comprar o ingresso (€ 15) para o Museu do Vaticano e pagando uma taxa (€ 4) a mais eu não precisaria enfrentar a grande fila. Não pensei duas vezes, gastei um pouco mais para não perder tempo. O ingresso também pode ser comprado pela internet. Ali fiquei sabendo que a entrada para o Museu era pelo lado de fora do muro, distante dali. Só ai percebi que a fila da praça São Pedro não era para visitar o museu e sim para visitar a Basílica. Tive que andar rápido para chegar até lá pois no ingresso tinha horário. Mas valeu a pena pagar mais pois lá havia outra fila grande.

Vaticano
Pátio interno entre os museus.  Um obra de arte no centro do pátio “esfera dentro da esfera”
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Finalmente consegui entrar no Museu do Vaticano, agora era só conhecer a Capela Sistina, local onde acontecem os Conclaves, que é a reunião em clausura dos Cardeais do mundo todo para escolher o novo Papa. Famosa pelas pinturas do Michelangelo que, era escultor e que foi praticamente obrigado a fazer o trabalho. Mas vi que não chegaria logo, pois o “Museu do Vaticano” na verdade são vários museus como o Museu Chiaramonti com bustos e estátuas romanas e o  Museu Gregório-Egípcio fundado pelo Papa Gregório XVI em 1839 e abriga uma vasta coleção de artefatos do Egito antigo.

Para chegar na Capela Sistina é preciso passar por alguns deles e quando pensa que chegou… tem outro, mas é legal ir curtindo pois tem salas fascinantes que abrigam coleções fascinantes. É por isso que a visita ao Vaticano deve ser feita com tempo, e é melhor aproveitada com um guia especializado (coisa que não fiz e me arrependo).

VaticanoPersonalização do Rio Nilo

O Museu do Vaticano é um acervo de valiosas obras de arte e antiguidades colecionadas ao longo dos séculos pelos diversos Papas, e um conjunto de salas pertencentes ao Palácio Apostólico decoradas com muita arte, como a Biblioteca Apostólica e a Sala dos Mapas. Os papas foram os primeiros soberanos que abriram as coleções de arte dos seus palácios para o público.

 
Fui seguindo as placas e fiz o meu roteiro, passei por muitas salas, jardins, parei para lanchar, andei mais um pouco, parei para descansar, vi muitas obras de arte, muitas pinturas, disputei espaço com vários outros turistas (são muitos, pode acreditar) e cheguei, finalmente estava dentro da Capela Sistina. Eu e mais uma multidão, além dos vários seguranças que ficam o tempo todo pedindo silêncio e falando “no photos”. Infelizmente não pode tirar fotos.

Pela multidão e barulho você entra por uma porta e logo sai por outra, mas eu não podia sair logo dali, aliás ninguém pode. Consegui um lugar e fiquei ali por um tempo olhando para o teto e ‘viajando’ nas pinturas, lembrando de trechos do livro que li e tentando imaginar os artistas trabalhando ali.

Vaticano

 VaticanoBanheira usada pelo Imperador Romano Nero
  VaticanoMuseu Gregório-Egípcio

VaticanoSala dos mapas, na verdade um grande corredor com mapas nas paredes e um teto maravilhoso. Depois da Capela Sistina, é o teto mais bonito no museu do Vaticano

VaticanoSalas de Rafael, são um grupo de quatro aposentos decorados pelo grande pintor renascentista e seus auxiliares, a pedido do Papa Júlio II

Sai do Museu já era de tarde e para minha surpresa não havia mais fila para entrar (de repente é melhor ir a tarde). Segui para a praça São Pedro, e em compensação a fila para entrar na Basílica continuava grande, mas não teve outro jeito, tive que encarar.


Engraçado que quando eu pensava no Vaticano, nunca tive muito interesse em visitar a Basílica. Já estava cansado e a multidão atrapalhou o aproveitamento da visita. Mas fiquei impressionado com o que vi, ela é grande e exuberante.  Ao mesmo tempo que é maravilhosa pela sua arte, também é muito rica como “sede” de uma igreja cristã. Definitivamente o Vaticano é uma exaltação aos Papas, mas é um lugar de pura arte e merece muito uma visita.

Vaticano

Havia ainda duas coisas que pretendia fazer, uma era a visita restrita ao Vaticano que soube que acontece depois do horário de visitação. Se gostei com aquela multidão toda, imagina com poucas pessoas. Outra coisa era Subir até a cúpula da Basílica onde se tem uma visão panorâmica. A primeira não foi possível pois tem que ser agendada pelo site do Vaticano. A segunda também não era possível por culpa das minhas pernas, elas não aguentavam mais, se  pudessem me deixavam e iriam embora. Para chegar até a cúpula são 551 degraus, e mesmo usando o elevador eu teria que subir 320 degraus. Desisti.

Vaticano Palácio Apostólico, residência oficial do Papa. É de onde ele aparece para as suas bênçãos

Fui caminhando pela avenida principal do Vaticano para o ponto de ônibus. Em Roma você compra a passagem em uma máquina que fica no ponto, e dentro do ônibus não tem cobrador e o motorista não recebe. Para o meu azar, a maquina de onde eu estava não estava funcionando e assim não podia embarcar. Tentava pedir orientação ao motorista mas ele com todo o “jeito italiano de ser” dava com os ombros. Tive que procurar outro ponto. Com isso acabei chegando até o Castelo de Santo Ângelo. Construído em torno de 123 d.C como um túmulo do Imperador Adriano e sua família, hoje funciona como museu.
 
Não achei outro ponto e a estação de metro estava longe. Voltei para o primeiro ponto, e percebi que a máquina só não estava aceitando moedas, mas aceitava notas. Consegui então comprar a passagem e fui embora. Parei em um restaurante para ‘aumojantar’ e precisava urgentemente de comer uma carne vermelha, até agora só havia comido frango, peixe ou porco. Paguei € 19 por um bifão de alcatra grelhado (dava para comer um rodízio aqui no Brasil), mas valeu cada centavo pago. Depois fui embora dá uma trégua para as minhas pernas.

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2 Comentários

  1. Demais o seu blog. Muito bem explicado e excelente registro fotográfico. Abraço.

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